Por Elvécio Andrade
O deputado estadual Alcântaro Lazzarini (Republicanos), em mais um exemplo do crescente fundamentalismo que ameaça a democracia brasileira, protagonizou um episódio lamentável ao invadir uma escola pública em Vitória, Espírito Santo, durante a realização de um evento cultural que fazia referência a Exu, figura central em religiões afro-brasileiras. A atitude do parlamentar, que deveria ter sido preso em flagrante, revela não apenas seu despreparo para o cargo, mas também sua completa falta de respeito pela diversidade religiosa garantida pela Constituição.
Ao justificar sua ação sob a alegação de defesa de valores cristãos, Alcântaro demonstrou um comportamento autoritário e intolerante. Desacatou a diretora da escola, expôs sua visão limitada e desrespeitosa sobre religiões de matriz africana e tentou intimidar a comunidade escolar. Esse episódio é mais um reflexo do discurso de ódio que, nos últimos anos, ganhou força sob o manto da defesa de uma suposta moralidade cristã.
A religião no contexto escolar
O ensino religioso, ainda que controverso, faz parte do currículo escolar brasileiro. No entanto, a legislação determina que esse ensino deve abordar todas as tradições religiosas de forma equitativa, promovendo o respeito e a tolerância. Não há, em nenhuma norma, a imposição de que seja ensinado apenas o cristianismo ou qualquer outra religião específica. Nesse sentido, eventos como o realizado na escola em Vitória são legítimos e fundamentais para o fortalecimento de uma educação plural e inclusiva.
Infelizmente, a postura de Alcântaro evidencia o quanto setores da política brasileira insistem em ignorar a laicidade do Estado. Religiosidade não é sinônimo de moralidade, e impor valores religiosos pessoais à força é uma afronta à democracia.
A necessidade de punição
Atitudes como a do deputado precisam ser tratadas com o rigor da lei. Ao invadir uma escola pública, Alcântaro violou princípios básicos da convivência democrática e do decoro parlamentar. Além disso, incentivou a intolerância religiosa e reforçou preconceitos históricos contra religiões afro-brasileiras, perpetuando um ciclo de discriminação e violência que envergonha nosso país. Por si só isso já seria passível de cassação de mandato.
É urgente que Alcântaro seja investigado por sua conduta. Caso se confirme que ele agiu de forma deliberada para intimidar e promover o ódio, deve ser responsabilizado tanto na esfera política quanto na judicial. A manutenção de sua posição na Assembleia Legislativa é uma afronta ao povo capixaba, que merece representantes comprometidos com políticas públicas e com a promoção de um Estado justo e inclusivo.
Uma política estagnada
A atuação medíocre de parlamentares como Alcântaro não é um caso isolado. Muitos dos representantes eleitos em nosso país têm se perdido em pautas moralistas e religiosas, deixando de lado as verdadeiras necessidades da população. Em vez de criar projetos que melhorem a qualidade de vida dos capixabas, preferem agir como inquisidores modernos, contribuindo para a polarização e o retrocesso.
Esse tipo de comportamento transforma o Brasil em um palco de fanatismo religioso, comparável ao extremismo de grupos como o Talibã. Essa associação, embora pesada, é necessária para expor os perigos de permitir que discursos de ódio e intolerância ganhem espaço nas estruturas de poder.
Agendas fundamentalistas
O episódio protagonizado por Alcântaro não pode ser tratado como um caso isolado ou menor. É um alerta para a sociedade sobre os riscos do avanço de agendas fundamentalistas no Brasil. É responsabilidade de todos exigir um posicionamento firme contra a intolerância religiosa e cobrar dos parlamentares uma atuação que realmente beneficie o povo. Chega de deputados inúteis, em busca de lacração.
Se o deputado Alcântaro acredita estar defendendo valores, é hora de lembrar-lhe que segundo a Constituição Federal, que ele deveria conhecer, os valores que sustentam a democracia brasileira são o respeito, a igualdade e a convivência pacífica entre diferentes culturas e crenças. A diversidade religiosa é uma riqueza nacional, e atitudes como a dele são ataques diretos a essa riqueza. É hora de dizer basta.
Como advogado, que dizem que ele é (será?), o deputado deveria saber que a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), estabelecida pela Lei nº 9.394/1996, aborda a diversidade cultural e religiosa de forma a promover a inclusão e respeito às diferenças. Isso permite que as instituições de ensino incluam conteúdos que abordem as diferentes culturas e religiões, promovendo a educação intercultural e o diálogo entre as diversas tradições.
Infelizmente não dá para esperar nada de um Estado cujo povo elege políticos medíocres como Magno Malta e Marcos do Val (senadores), Ivair de Melo, Amaro Neto, Da Vitória, Victor Linhalis, Messias Donato e Gilvan da Federal (deputados federais) e Alcântaro, Alexandre Xambinho, Bispo Alves, Calegari, capitão Assunção, coronel Weliton, Lucas Polese, Danilo Bahiense, Sérgio Meneguelli, Pablo Muribeca, Hudson Leal e Zé Preto (deputados estaduais).
Elvécio Andrade é radialista, jornalista, escritor e advogado especialista em direitos Constitucional e Administrativo
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