Os dois, que são pastores da Igreja Batista
Vida Nova, são responsáveis pela Clínica Amparo Centro Terapêutico, para onde
levavam as vítimas sob promessa de tratamentos. Entretanto as vítimas não
recebiam tratamento médico e ficavam nas mãos de poucos funcionários. O casal
mantinha distância dos internos.
O resgate das vítimas aconteceu na terça-feira,
29 e cinco vítimas relataram a rotina de torturas e humilhações à qual eram
submetidas na instituição, que funcionava em uma chácara na Zona Rural de
Anápolis. Segundo as testemunhas, pacientes com deficiência eram considerados
mais problemáticos.
Um interno contou que o autista conhecido como Dudu era amarrado e agredido pelos
monitores. “Eles amarravam o autista e tacavam remédio nele à força”, disse o
interno. Outro interno, dependente químico, disse que ficou três dias dopado
depois de tomar medicamento sem a adequada prescrição médica.
Além da pastora (?), quatro pessoas que trabalhavam no local também
foram detidas. Suelen nega ter conhecimento das torturas e diz que era apenas
uma funcionária administrativa. O pastor Ângelo conseguiu fugir se embrenhando
em um matagal assim que a polícia chegou ao estabelecimento, mas já se entregou.
Os internos ficavam trancados nos quartos entre
as 19h e as 08h, dividiam o quarto com 20 pessoas que usavam o mesmo banheiro,
com vaso sanitário entupido e cheiro insuportável. As refeições eram sempre um
pedaço de cuscuz e chá no café da manhã. O almoço era a base de arroz, macarrão
e salsichas.
A reclamação era de que raramente havia carne
vermelha e os internos apanhavam para não se manifestarem, não reclamarem da
comida, na maior parte das vezes, vencida, segundo informou o delegado. A
descoberta do campo de concentração chefiado pelo casal de pastores ocorreu por
uma denúncia.
Os familiares dos pacientes pagavam mensalmente
R$ 1,3 mil ao casal de pastores, mas só podiam falar com os internos após 30
dias do início da internação, ainda assim com acompanhamento do pastor Ângelo,
para evitar que os internos contassem aos seus familiares a péssima condição do
tratamento.

Um dos internos relatou que na clínica faltavam
fraldas e os idosos permaneciam em lençóis molhados de urina ou faziam suas
necessidades em garrafas de plásticos. Os que não conseguiam fazer sua própria
higiene pessoal, acabavam fazendo as necessidades nas roupas e não havia
ninguém para ajuda-los.
Um dos internos tinha um ferimento no antebraço
com infecção. Ele disse que não houve atendimento médico e que foi orientado a
usar apenas uma pomada. As pessoas resgatadas foram levadas para o Ginásio de
Anápolis para uma triagem e nove idosos foram hospitalizados por infecções
graves e desnutrição.
De acordo com o delegado Manoel Vanderic, o
casal de pastores tinham outros estabelecimentos que também estão sendo
investigados. Em uma segunda chácara deles, que também funcionava clandestinamente,
foram resgatadas 43 pessoas na sexta-feira, 01. Dois empregados fugiram, e já
foram identificados.
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