Morar em Barra de São Francisco, no Noroeste do Espírito Santo, virou um privilégio para poucos. A cidade, que não possui cinema, teatro, faculdade, shopping ou supermercados de grande porte, enfrenta uma disparada nos preços dos imóveis e aluguéis, em alguns casos, cobrando valores equivalentes a um salário mínimo.
Moradores relatam uma realidade “fora da lógica
e da legalidade”, onde imóveis simples chegam a custar mais do que apartamentos
bem localizados em Vitória. “Aqui tem gente cobrando R$ 2.200,00 por um
apartamento de dois quartos, em áreas barulhentas e sem infraestrutura alguma.
É inacreditável”, relata um morador.
A população culpa o mercado imobiliário
descontrolado e a atuação de corretores que, segundo relatos, inflacionam os
preços. “Antes a gente tratava direto com o dono do imóvel. Agora o corretor
entra e faz o aluguel subir. O dono quer R$ 800,00, e há corretor que joga pra R$
2.000,00 e fica com a diferença, ganhando mais que o proprietário. Está
impossível morar”, denuncia um inquilino revoltado.
A situação é tão grave que até casas em morros
estão com valores impraticáveis. Famílias com renda de até dois salários
mínimos não conseguem mais pagar um aluguel digno, e o sonho da casa própria se
tornou uma miragem. “O trabalhador que recebe R$ 3.000,00 mensais, paga aluguel
de R$ 2.200,00 e R$ 1.000,00 de supermercado, não sobra nada para pagar água,
luz e outras despesas. Aliás, ainda fica devendo”, explica uma moradora.
“Aqui parece outra dimensão. Os produtos são
caros, os supermercados parecem mercearias dos anos 80, e o aluguel virou um
pesadelo”, diz outro morador, reforçando que até os morros, antes alternativa
de quem buscava um canto mais barato, estão com preços que fariam qualquer
corretor do Leblon corar de vergonha. “Ninguém pede menos que R$ 1.500,00 numa
simples kitnet no morro”.
O mercado imobiliário age como um campo sem
lei, empurrando trabalhadores para a margem da dignidade. “A coisa aqui é tão
assustadora, que você não encontra um lote por menos de R$ 250.00,00, assim
mesmo em locais afastados. Viver em Barra de São Francisco, considerada uma das
cidades onde o custo de vida é o mais alto do país, é um verdadeiro malabarismo”,
disse um morador.
Moradores mais antigos recordam a crise
semelhante vivida no início da década de 1990. À época, o então prefeito
Enivaldo dos Anjos tomou medidas para conter a especulação, comprando terras e
criando bairros populares como Vila Vicente, Vila Luciene e o Condomínio dos
Anjos. Ele também doou terrenos para atrair indústrias e gerar empregos,
freando a fuga de trabalhadores para Rondônia.
Hoje, porém, a história parece se repetir, pois
mesmo com novos bairros surgindo, a exploração imobiliária permanece, agravada
pela atuação dos corretores de imóveis que se multiplicam como gafanhotos e
inflacionam o mercado. “Hoje qualquer pessoa se identifica como corretor de
imóveis. Virou uma praga essa onda”, relatou um morador revoltado com a atual
situação.
Especialistas ouvidos pelo Colatina News alertam que Barra de São Francisco pode estar à beira
de uma crise habitacional. “Com R$ 1 milhão, você compra um imóvel de alto
padrão em Vitória, com piscina e localização privilegiada. Aqui, esse valor mal
dá para comprar um barraco no morro”, ironiza outro morador.
Enquanto o custo de vida dispara e a infraestrutura continua precária, cresce o sentimento de revolta entre os francisquenses. O medo agora é que a cidade, que a cada dia desenvolve mais graças a uma administração competente, caminhe para um colapso social silencioso, impulsionado pela ganância e pela falta de controle nos preços praticados por corretores insensíveis e gananciosos.
Siga-nos no Instagram: @colatinanews2019, no Facebook: @sitecolatinanews, no TikTok: @colatinanews e se inscreva no nosso canal: @colatinanews4085!





Nenhum comentário:
Postar um comentário