Por *Elvécio
Andrade
Parece até notícia de portal de humor, mas
aconteceu mesmo: a Justiça Eleitoral de Linhares, no Norte do Espírito Santo,
determinou que o ex-candidato a vereador Renan Oliveira (União) devolva aos
cofres públicos a "estratosférica" quantia de R$ 0,80. Isso mesmo. O
valor não dá nem para comprar uma bala, mas a Justiça foi implacável.
A decisão, proferida pela juíza da 25ª Vara
Eleitoral, surgiu após a análise da prestação de contas da campanha de Renan
nas eleições de 2024. As contas haviam sido aprovadas com ressalvas, mas o
detalhe que chamou atenção foi a tal sobra de R$ 0,80 do FEFC (Fundo Especial
de Financiamento de Campanha), o famoso fundão eleitoral, aquele mesmo que
escoa bilhões de reais em cada eleição.
O problema? Apesar de o ex-candidato Renan Oliveira
alegar que devolveu o valor ao Tesouro Nacional, ele não conseguiu comprovar
com a devida clareza, pois a transação bancária não identificava o destinatário
do pagamento. Isso é um grave crime contra a ordem financeira nacional, diriam
os mais exaltados.
E não para por aí! A Justiça também identificou
que Renan teria gastado cerca de 36% do valor total da campanha com aluguel de
veículos, quando o limite permitido era de 20%. Mesmo assim, a juíza entendeu
que não houve má-fé, fraude ou intenção de causar prejuízo ao erário. Afinal,
com um orçamento de campanha tão modesto, difícil imaginar um “escândalo”.
Mas, claro, o que virou assunto na cidade (e
nas redes sociais) foi a novela dos oitenta centavos. Internautas não perdoaram
e comentários irônicos se multiplicaram. “A juíza tem toda razão. Esses R$ 0,80
certamente vão salvar o Brasil da falência e reforçar o bilionário fundo
eleitoral que já torra nosso dinheiro”, zombou um morador.
Outro foi além e mostrou solidariedade ao ex-candidato: “Imagino o
sufoco para devolver esse valor exorbitante. Recomendo que ele siga o exemplo
de certos políticos oportunistas da extrema-direita por aí e lance uma vaquinha
virtual ou um Pix solidário. Vai que algum eleitor manda R$ 1 e ele ainda sai
no lucro, investindo financeiramente o que sobrar”.
Agora, Renan terá o árduo desafio de encontrar
uma forma de devolver tamanha quantia sem comprometer suas finanças pessoais.
Quem sabe não surja uma nova modalidade de financiamento coletivo: o
crowdfunding eleitoral reverso. Coisas que só acontecem no Brasil. Aliás, no
Brasil, até a piada perde para a realidade.
*Elvécio
Andrade
é jornalista, radialista, escritor e advogado
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