Por Elvécio
Andrade
Criado com o objetivo de garantir a proteção
integral de crianças e adolescentes, o ECA (Estatuto da Criança e do
Adolescente), instituído pela Lei nº 8.069/1990, tem sido alvo de duras
críticas por setores da sociedade que enxergam na legislação um escudo perigoso
para a atuação de menores ligados ao crime.
Para muitos, o ECA, que há mais de três décadas
buscava assegurar direitos fundamentais e prioridade absoluta a esse grupo
vulnerável, acabou se transformando, na prática, em uma ferramenta que protege
excessivamente os chamados menores delinquentes, que são amparados por uma
legislação esdrúxula e equivocada, garantindo lhes medidas socioeducativas
brandas.
Em decorrência disso, esses adolescentes
infratores acabam sendo usados por facções criminosas para acobertar variadas atividades
ilícitas, como o tráfico de drogas, assaltos, homicídios e sequestros. Tudo
isso acontece com frequência, sem que nenhuma iniciativa para acabar com essa
vergonha que parece só existir no Brasil, seja tomada por autoridades que dizem
representar o povo.
“É a sociedade quem acaba sendo punida”, dizem
críticos da legislação, ao apontar que, enquanto esses jovens infratores agem
com a certeza da impunidade, muitos outros, inocentes e vítimas das falhas do
próprio sistema, não têm acesso nem ao básico. Crianças que morrem à espera de
atendimento médico, sofrem com a fome ou enfrentam o abandono nos serviços
públicos são simplesmente ignoradas, e não têm a mesma proteção que dão aos
infratores.
Além disso, problemas crônicos como merenda
escolar de péssima qualidade, creches com profissionais despreparados ou que
trabalham com má-vontade e escolas em situação precária são realidades
enfrentadas por milhares de crianças e adolescentes que, diferentemente dos
delinquentes, não encontram amparo ou prioridade efetiva por parte do Estado.
A polêmica em torno do ECA não é nova. Desde
sua promulgação, em 1990, a lei foi motivo de debates acalorados, protestos e
questionamentos. A discussão agora volta à tona com mais força, à medida que
casos de violência praticados por menores ganham as manchetes e reacendem a
sensação de insegurança e impotência por parte da população que jamais é ouvida
em suas cobranças.
Enquanto isso, a sociedade se vê refém de um
paradoxo jurídico: uma lei criada para proteger se transformou, segundo
críticos, em um escudo para monstros que assombram o dia a dia das famílias
brasileiras. Casos como os ocorridos em Aracruz recentemente e do menor que
matou os pais e o irmão de três anos, assombram a sociedade. E a pergunta que
ecoa é inevitável: Até quando isso?
Em contrapartida, em diversos países do mundo,
a legislação é mais rígida. Menores que cometem crimes graves,
independentemente da idade, são responsabilizados penalmente de forma dura. Em
nações como os Estados Unidos, por exemplo, adolescentes podem ser julgados
como adultos e, em casos extremos, condenados até à prisão perpétua.
Essa postura reflete uma visão de justiça que
prioriza a segurança da sociedade e a responsabilização efetiva dos infratores,
sem fazer distinção entre idade e gravidade dos atos cometidos. Casos como os
do menor nazista que matou alunos e professores em Aracruz, ou do menor monstro
que matou os pais e o irmão em Itaperuna/RJ, seriam com certeza punidos com
prisões perpétuas.
Enquanto o Brasil fica preso a uma legislação
que, segundo críticos, mais protege quem infringe a lei do que quem precisa
dela, cresce o clamor por mudanças urgentes. Enquanto os legisladores ficam
contra o povo que os elegeu e se chafurdam na corrupção das emendas
parlamentares, os inocentes continuam pagando caro, até mesmo com a própria
vida, o preço da impunidade.
*Elvécio
Andrade
é jornalista, radialista, escritor e advogado
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