Prefeito de Colatina arma circo para tentar explicar irregularidades em licitação

Por essa "obra" as empresas já receberam aditivos

O prefeito Sérgio Meneguelli, de Colatina, no Noroeste do Espírito Santo, montou um espetáculo circense na Câmara Municipal, onde foi falar a respeito das irregularidades detectadas pelo Ministério Público na licitação para as obras nas encostas dos bairros Nossa Senhora aparecida e São Braz.

A atuação do prefeito, com direito a menção ao teatrólogo William Shakespeare e citações da Bíblia, foi digna de um Oscar e gerou aplausos de uma plateia formada por professores e outros servidores municipais, estrategicamente convidados para o evento. Tudo transmitido ao vivo pela TV SIM.

Como parte do show teatral por ele montado, o prefeito afirmou que tinha cancelado a licitação, disse que não sabia do pagamento dos aditivos e ainda pediu que fosse instaurada uma CPI para apuração do fato. Para incrementar mais o show, prometeu aos professores a adoção do piso nacional.

Sempre tentando se passar por vítima e com sua facilidade de enganar os incautos, Sérgio Meneguelli só faltou chorar para fechar com chave de ouro a sua atuação, enquanto os vereadores a tudo assistiam sem fazer nenhum questionamento a respeito da grave descoberta do Ministério Público.

Durante o dia, o prefeito Sérgio Meneguelli divulgou um áudio nas redes sociais, por meio do qual chamava de fake News a declaração do promotor Izaias Vinagre, e acusou, sem citar nomes, órgãos de imprensa que, segundo ele, “recebem de R$ 100 a R$ 200 reais de seus opositores para criticá-lo”.

Como o prefeito falou, falou e não disse nada, o seu prazo continua correndo e, caso não dê justificativas consistentes, poderá sofrer um processo por improbidade administrativa. Ele terá que responder inclusive o fato de uma mesma pessoa representar duas empresas durante a licitação.

Mesmo sem realizar nenhuma obra, a não ser colocar lonas pelos morros, as empresas contratadas já receberam dois aditivos (pagamento complementar ao valor combinado), nos valores de R$ 126 mil e R$ 146 mil, e que o promotor Izaías Vinagre recomenda a revogação dos pagamentos indevidos.

Os bairros, onde as obras deveriam estar acontecendo, sofreram dois desmoronamentos por causa das chuvas e os moradores temem por uma tragédia quando retornar o período chuvoso, já que as empresas retiraram a vegetação do local e as encostas ficaram sem a devida segurança.